A prisão de Collor: justiça ou teatro de vaidades?
A recente prisão de Fernando Collor de Mello escancarou mais do que um julgamento tardio: revelou o teatro de vaidades em que se transformou parte do Judiciário brasileiro. Neste artigo, reflito sobre os verdadeiros interesses por trás da decisão e os precedentes que ela pode estar criando.
Yalle Marques
4/25/20252 min ler


A prisão de Collor: justiça ou teatro de vaidades?
A recente prisão de Fernando Collor de Mello, determinada por Alexandre de Moraes, levanta mais do que apenas debates jurídicos — ela escancara as camadas profundas do jogo político que se desenrola diante dos olhos do povo brasileiro.
Não se trata apenas de um ex-presidente sendo responsabilizado. A questão vai além. A maneira e o momento em que se deu a prisão revelam o que parece ser uma tentativa deliberada de Alexandre de Moraes de se autopromover como o único capaz de enfrentar a “casta” política brasileira. Um ato que soa menos como justiça e mais como vaidade institucional.
Há um simbolismo claro: prender um ex-presidente da República, sobretudo um que já havia sido praticamente descartado pelo sistema, é uma jogada estratégica. Não há mais risco político em “derrubar” Collor. O sistema já largou sua mão. Assim, a ação gera impacto, manchete, mas sem custo real. A mídia aplaude, parte da população vê um gesto de coragem, e Moraes reforça sua narrativa de paladino implacável.
Mas há mais. A prisão de Collor serve como laboratório. Um teste de reação pública. Um precedente. Se a sociedade aceitar com passividade — e até com entusiasmo — a prisão de um ex-presidente em circunstâncias específicas, por que não aplicar o mesmo roteiro a Jair Bolsonaro? Afinal, a lógica é a mesma: desgaste político, rejeição crescente em setores institucionais, e conveniência jurídica oportunamente acionada.
Não se trata aqui de defender culpados ou inocentes. Trata-se de questionar o uso seletivo da justiça e a instrumentalização do Poder Judiciário como peça de um tabuleiro político. Quando decisões judiciais parecem mais interessadas em moldar biografias que garantir justiça, estamos diante de algo maior que o caso de um homem — estamos diante de um modelo de poder que se esconde atrás da toga.
A prisão de Collor é apenas o ensaio. O espetáculo principal, ao que tudo indica, ainda está por vir.