O CENÁRIO DO BRASIL

Uma ironia poética

Yalle Marques

1/7/20252 min read

Brasil 2024: Uma Ironia Poética

Em dois mil e vinte e quatro, que belo espetáculo,
O Brasil cresceu... ou seria um grande obstáculo?
Nos dizem: "Desemprego? Quase não se vê!",
Mas o prato vazio desmente o que a TV quer crer.

Reformas dançaram no salão do Congresso,
Mudanças que prometem, mas entregam retrocesso.
"A economia voa!", gritam com fervor,
Enquanto o real cai num mergulho de terror.

Amazônia arde, mas quem se importa, afinal?
A fumaça some no vento... quase trivial.
E entre secas e enchentes, o povo a remar,
Num barco sem leme, sem rumo a avistar.

Na política, que ópera! Drama e tensão,
Com golpistas em cena, ensaiando a traição.
A democracia tropeça, mas ainda persiste,
Embora sua saúde pareça bem triste.

E o governo? Ah, que obra de arte singular!
Promete mundos e fundos, mas só faz tropeçar.
A inflação ri na esquina, mão estendida,
Enquanto a crise financeira faz mais uma investida.

E a picanha? Pergunta o povo esquecido,
Promessa de campanha que nunca foi cumprido.
Na mesa só o arroz, o feijão e o vazio,
De promessas quebradas e de um sonho tardio.

A Globo, imparcial? Que piada encantada!
Segue ditando a pauta com a verdade editada.
Enquanto bilhões na Lei Rouanet vão fluir,
O artista do povo mal tem onde cair.

Benefícios cortados, o pobre na fila,
Mas o topo enche o copo, regado à tequila.
Enquanto o governo finge apertar a mão,
Quem mais precisa sente o peso do chão.

Na favela, a criminalidade dispara,
Traficantes ostentam, poder que não para.
Fuzis e granadas, a guerra é real,
Enquanto o estado brinca de virtual.

Comunidades? Esquecidas, deixadas de lado,
Enquanto a elite passeia no carro blindado.
A segurança, um luxo, para quem pode pagar,
Já o povo reza para o dia terminar.

E o STF, com sua toga imponente e saber infinito,
Orquestra decisões que ecoam num grito aflito.
Judiciário e seus pares, de poder absoluto,
Esquecem que Justiça é mais que um estatuto.
E os presidentes dos poderes, tão discretos na ação,
São mestres em omissão, arquitetos da inação.

E Moraes, o ministro de ferro, com decisões severas,
Esquece limites, rompe barreiras.
Cala vozes, confunde Justiça com autoritarismo,
Transforma lei em palco de protagonismo.
Sob o pretexto de proteger a nação,
Alimenta o caos, aumenta a tensão.
A democracia, que tanto diz guardar,
Morre um pouco cada vez que a tenta moldar.

E o Brasil sangra, de dor e opressão,
Enquanto o povo se cala, tomado de inação.
O medo da força, do falso juiz,
Faz da liberdade um sonho que já não condiz.

Em um país onde educação é tranca e prisão,
Onde o ensino médio é porta para qualquer formação,
A ironia pulsa: o poder a quem não estudou,
E sua corja descondenada o trono lhe entregou.

E o jornalismo, o que tem a contar?
Só o que interessa aos donos do ar.
Verdades filtradas, sob medida encaixadas,
Enquanto a miséria grita: almas caladas.

Oh, Brasil, espetáculo de paradoxos mil,
Onde o sonho é distante, mas o medo é gentil.
Ironia que dói, mas ninguém quer calar,
Pois o palco é de todos, e o show vai continuar.


Yalle Marques